Liberalização de energia no Brasil: lições da Europa para uma transição resiliente
- Marcellus Louroza

- 25 de nov.
- 3 min de leitura

Liberalização de energia no Brasil: lições da Europa para uma transição resiliente
A liberalização de energia no Brasil está em um ponto de inflexão à medida que o mercado livre se abre para todos os usuários. A liberalização de energia no Brasil pode aproveitar o playbook europeu para construir um ecossistema equilibrado e habilitado por tecnologia.
Nos anos 1990, vários países europeus iniciaram transições estruturadas apoiadas por liberalização de mercado, regras transparentes e sinais “investor‑grade”. A Energiewende da Alemanha, a escalada da energia eólica na Dinamarca (ver Danish Energy Agency) e o crescimento solar da Espanha (dados de rede via Red Eléctrica de España) não aconteceram da noite para o dia — foram sequências: desagregar (unbundle), liberalizar, padronizar e então digitalizar.
O ponto de partida do Brasil é diferente: a hidreletricidade ainda representa a maior parte da geração, enquanto eólica e solar sobem rapidamente. O “encanamento” de políticas e mercado envolve ANEEL (regulação), CCEE (liquidação/settlement), ONS (operação do sistema) e EPE (planejamento). Com a abertura do mercado livre para todos os consumidores, a escolha do varejo (retail choice) vira catalisador de investimento diversificado.
O que o playbook europeu sugere:
Diversificação é um framework, não uma lista: recompense ativos complementares — hídrica, eólica, solar, biomassa, storage — via capacity/ancillary services e dynamic tariffs.
Coloque flexibilidade em primeiro lugar: automated demand response (OpenADR), real‑time pricing e sinais no nível de distribuição criam receita “bankable” para HEMS e DER de pequeno porte.
Padronize dados e interconexão para reduzir soft costs; alinhe telemetria com DLMS/COSEM e onboarding de devices com Matter.
Transforme consumidores em participantes: portais de troca de fornecedor (switching), savings verificáveis, dados exportáveis e salvaguardas supplier‑of‑last‑resort.
Sinais de escala para investidores. A BloombergNEF estima que mercados emergentes podem atrair >US$150B/ano em investimento em energia limpa até 2030. A PV distribuída no Brasil cresceu rapidamente; o acompanhamento setorial é publicado pela ABSOLAR, enquanto o mix de capacidade é detalhado em publicações da EPE. Regras claras de switching, standards de dados e mercados de flexibilidade são os sinais que o capital global observa.
Evitando armadilhas comuns:
Bolhas de subsídios sem glide paths;
Overcapacity sem storage/firming;
Upgrades de grid ficando atrás da adoção de DER;
UX de varejo fragmentada que desacelera switching e erode trust.
Mitigações incluem metas de storage ligadas a adições de VRE, reforma de filas (queue reform) para interconexão e transparência sobre custo entregue e métricas de confiabilidade (SAIDI/SAIFI).
Modelo de execução para o Ano Um de escolha plena no varejo:
Lançar pilotos de dynamic tariffs com alertas verificados dentro de apps de utilities/telcos;
Empacotar rooftop PV + baterias + heat pumps com HEMS;
Publicar KPIs trimestrais: R$/casa economizados, kWh shifted, churn e taxas de reclamação;
Estruturar protocolos supplier‑of‑last‑resort para proteger consumidores e financiadores;
Linha de base para investidores e operadores europeus: a oportunidade no Brasil não é uma substituição 1‑para‑1 de hídrica por VRE; é uma oportunidade de market design. Quem combinar retail choice, mercados de flexibilidade, dados padronizados e HEMS com UX de usuário vai construir posições duráveis — e ajudar a entregar um mix equilibrado e resiliente.
Liberalização de energia no Brasil: um blueprint de Ano Um para adoção durável
Foque em flexibilidade, standards de dados e consumer UX; publique KPIs verificáveis e alinhe incentivos para que o capital escale os ativos certos.




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